quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Nota de pesar pelo falecimento do importante professor e geógrafo brasileiro Carlos Walter Porto-Gonçalves





A Geografia brasileira perdeu hoje um de seus grandes nomes.Carlos Walter Porto-Gonçalves foi uma referência para tod@s @s geógraf@s brasileir@s das últimas gerações, desde a virada crítica da Geografia no final dos anos 1970, do qual foi ativo participante. Seu texto "A geografia está em crise. Viva a geografia!" de 1978 foi um dos marcos desta virada.


Na AGB, também teve papel de destaque na reconstrução democrática da entidade, tendo integrado a Diretoria provisória que assumiu em 1979 após a reforma dos estatutos. Era à época associado à AGB-Rio e o foi por muitos anos, antes de se filiar à AGB-Niterói, quando se tornou professor da UFF e se mudou para Niterói.
Ainda como associado à AGB-Rio foi vice-presidente da AGB no biênio 1986-1988 e já na condição de associado à AGB-Niterói, foi presidente da AGB no período 1998-2000.


Carlos era uma mente brilhante e inquieta. Tinha um humor refinado e era um grande frasista e criador de expressões hoje consagradas na Geografia, como geo-grafar, (des)envolvimento e r-existências.
Seu vínculo com as lutas sociais e ambientais era combustível permanente para a criação intelectual. Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, percorreu, pesquisou e ajudou a pensar sobre esses diferentes ambientes e sobre os povos que dão vida a eles.


Nos anos 1980/1990 esteve ao lado dos Seringueiros, nas lutas capitaneadas por Chico Mendes e ajudou a construir a Articulação dos Povos da Floresta. Também foi figura de referência para a Articulação dos Povos do Cerrado e era um entusiasta das lutas de geraizeiros, vazanteiros, comunidades de fundo e fecho de pasto e tantos outros povos que por esse Brasil afora conviviam com os ambientes mais diversos, produzindo as territorialidades mais diversas.


Nos anos 2000 tornou-se referência também para a Geografia da América Latina e seu livro "A globalização da natureza e a natureza da globalização" recebeu o prêmio Casa das Américas de Cuba.
Autor de inúmeros livros e artigos clássicos da Geografia, professor de gerações, militante das causas sociais e ambientais, Carlos nos deixa um imenso legado.
A AGB-Rio se orgulha de ter sido parte da sua vida e de ter realizado junto com ele muitas atividades.


Viva Carlos Walter!
Carlos Walter presente, hoje e sempre!


[Repostagem do texto publicado pela AGB-Rio em 07/09/2023]


Fonte: https://agb-rio.webnode.com.br/news/encantou-se-carlos-walter-porto-goncalves/

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Publicada portaria que cria o Assentamento Cícero Guedes, em Campos dos Goytacazes - RJ



Depois de uma luta de mais de duas décadas, finalmente foi publicada em diário oficial  a portaria número 149, de 16 de agosto de 2023, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que determina a criação do Projeto de Assentamento denominado Cícero Guedes, localizado no município de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. De acordo com a portaria, 185 unidades familiares deverão ser assentadas. 

A portaria destina à Reforma Agrária o imóvel rural denominado conjunto Cambahyba (Cambahyba, Nossa Senhora das Dores, Flora, Fazendinha e Saquarema) que possui 1.319,8148 hectares e é um conjunto de terras que pertencia ao antigo Complexo de Usinas Cambahyba. 

O Complexo de Usinas Cambahyba foi desativado em 1993, após ir à falência. Constatada a improdutividade, foi publicado o decreto de desapropriação das terras em 30 de novembro de 1998. Em 17 de abril de 2000, o MST realizou a primeira ocupação das terras do complexo e conquistou o acampamento Oziel Alves, na fazenda Nossa Senhora das Dores. No entanto, os proprietários do complexo de Usinas entraram com vários pedidos de reintegração de posse e em 2006, através de um mandado judicial, foi realizada uma ação de despejo que expulsou em torno de 470 famílias que viviam no acampamento, destruíram casas, plantações e apreenderam maquinários. Apesar de existir um pedido de nova vistoria pela justiça federal ainda em 1998, o processo de desapropriação das terras ficou suspenso até 7 de agosto de 2012, após uma escandalosa revelação sobre o complexo de Usinas. 

De acordo com o Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, nos fornos da Usina Cambahyba foram incinerados os corpos de 12 presos políticos executados durante a Ditatura Empresarial-Militar, tornando-a um local emblemático de grave violação dos direitos humanos. Além disso, a Usina acumulou dívidas trabalhistas e previdenciárias milionárias com a União, tinha processos por explorar trabalho infantil, trabalho análogo à escravidão e por degradar o meio ambiente. 

Em 2 de novembro de 2012, o MST realizou nova ocupação nas terras do Cambahyba. Cerca de 200 famílias levantaram o acampamento denominado Luiz Maranhão, em homenagem a uma das vítimas cujo corpo foi incinerado na Usina, mas apenas dois meses depois, no dia 25 de janeiro de 2013, Cícero Guedes dos Santos, líder do MST e coordenador do acampamento, foi assassinado nas proximidades da Usina. 

O assentamento leva o nome de Cícero Guedes, militante do MST, que se libertou do trabalho análogo à escravidão na infância em Alagoas, migrou para Campos dos Goytacazes, trabalhou como cortador de cana e lutou ativamente pela democratização da terra e por justiça social em Campos dos Goytacazes, pois mesmo após ter conquistado sua terra, ao ser contemplado com um lote no Assentamento Zumbi dos Palmares, permaneceu na luta pela reforma agrária na região. Assim, essa portaria é uma conquista que resultou de uma luta de muitos anos e de muitas pessoas. 

Para saber mais, assista ao documentário "Forró em Cambaíba", que relata parte da saga das famílias na luta pelas terras da Usina, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=LtBJrlFhtiU .

Viva o Assentamento Cícero Guedes! Viva o MST! Viva a Reforma Agrária Popular!

quinta-feira, 27 de abril de 2023

JURA 2023 - 27/04 - Trabalho de Campo: Assentamento Fazenda Engenho Novo

            No último dia da JURA (27/04), realizamos um Trabalho de Campo no Assentamento Fazenda Engenho Novo, localizado no município de São Gonçalo e responsável por fornecer os alimentos agroecológicos comercializados na Feira da FFP. Com essa atividade, encerramos a X Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo.
            Esperamos que tenham aproveitado bastante a nossa jornada e ano que vem tem mais.
            Viva a Reforma Agrária Popular!!!












quarta-feira, 26 de abril de 2023

JURA 2023 - 26/04 - Mesa de Encerramento "Memórias, apropriações e resistências: uma periferia que luta"

        Para encerrar o segundo dia da JURA (26/04), tivemos a mesa "Memórias, apropriações e resistências: uma periferia que luta", composta por seu Onofre (Assentamento Fazenda Engenho Novo), Rosa dos Santos Batista (Rede Fitovida) e Mãe Márcia D'Oxum (Projeto Matrizes que Fazem) e coordenada pelo professor Matheus Grandi (DGEO-FFP).





















JURA 2023 - 26/04 - Roda de Conversa "Outras naturezas em São Gonçalo: a questão ambiental vista por outras matrizes"

           No segundo dia da JURA (26/04), também foi realizada a roda de conversa "Outras naturezas em São Gonçalo: a questão ambiental vista por outras matrizes", com a presença de Maria Beatriz Viana (Diretora do documentário “Nosso Pé de Goiaba” e co-coordenadora do Ressuscita São Gonçalo), Rosângela Oliveira (Integrante da Comissão Executiva da Economia Solidária em São Gonçalo e artesã) e Luís Carlos Alves (Integrante da Comissão Executiva da Economia Solidária em São Gonçalo, associado a UNIPESCA e catador) e coordenada pelo professor João Bodê (DGEO-FFP).










JURA 2023 - 26/04 - Roda de Conversa "Insegurança alimentar e fome: do Brasil à FFP"

            No segundo dia da JURA (26/04), foi realizada a roda de conversa 'Insegurança alimentar e fome: do Brasil à FFP", com a presença de Luísa Barros, graduanda em Geografia na FFP e idealizadora dos grupos "Praça de Alimentação" e coordenada por Eduardo Tomazine e Lucas Siqueira.









JURA 2023 - 26/04 - Mesa "São Gonçalo: processos de devastação ambiental, cultural e alimentar"

          O segundo dia da JURA (26/04) teve início com a Mesa "São Gonçalo: processos de devastação ambiental, cultural e alimentar", coordenada pelo professor Marcos Antônio Campos Couto (DGEO/FFP-UERJ) e composta pelos debatedores Elaine Ferreira (DEDU/FFP-UERJ e RedePOP), Luiz José Soares Pinto (SEEDUC-RJ e FFP-UERJ) e Timo Barthol (UFF).






terça-feira, 25 de abril de 2023

JURA 2023 - 25/04 - Mesa de Abertura "Reforma Agrária Popular e periferia: 10 anos de JURA, 50 anos de FFP" - X JURA FFP - 2023

         Abertura da X JURA da FFP com a Mesa "Reforma Agrária Popular e periferia: 10 anos de JURA, 50 anos de FFP", coordenada pela professora Maria Tereza Goudart (DEDU), composta pelos debatedores Paulo Alentejano (DGEO/FFP-UERJ), Mariza de Paula Assis (DEDU/FFP-UERJ) e Cátia Antônia da Silva.









JURA FFP 2023 - Abertura: Performance musical Político-Poética da Cia de Teatro UERJ/FFP em Cena

Abertura da JURA FFP 2023 com a performance musical Político-Poética da Cia de Teatro UERJ/FFP em Cena.