Nos dias 20 e 23 de outubro de 2020, o GeoAgrária, em articulação com o Departamento de Geografia da FFP-UERJ e o Núcleo de Pesquisa e Extensão Vozes da Educação, realizou a VII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo (FFP-UERJ). Com o tema "Semeando Resistências sob fogo cruzado", a jornada foi dividida em quatro rodas de conversa e duas mesas redondas realizadas, pela primeira vez, exclusivamente em ambiente virtual, em decorrência da situação de isolamento social em razão da pandemia de Covid-19.
A JURA (Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária) nasceu do encontro de professores universitários com o MST em 2013 com a proposta de que, em abril de 2014, as universidades promovessem eventos para debater debater temas da Reforma Agrária, com o objetivo de pautar e difundir o debate da Reforma Agrária no meio acadêmico, fortalecendo a luta pela terra e a relação entre os movimentos sociais e universidades brasileiras.
A JURA vem sendo realizada desde 2014 por muitas universidades em todo o Brasil e a Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo (FFP-UERJ) participa da Jornada desde a sua primeira edição. A Jornada integra as manifestações do chamado Abril Vermelho, que é uma jornada de lutas do MST pela Reforma Agrária e recebeu esse nome em homenagem aos vinte e um Sem Terras que foram executados pela Polícia Militar do Pará no dia 17 de abril de 1996, no município de Eldorado do Carajás (Pará), fato conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás.
Com o tema "Semeando resistências sob fogo cruzado", debatemos as tensões e enfrentamentos aos desafios da atualidade, em que há um acirramento do fogo da violência no campo ao mesmo tempo em que o fogo vem devastando as matas do Pantanal, do Cerrado e da Amazônia. O intuito da Jornada é semear a resistência entendo-a como uma maneira de persistir na luta pela reforma agrária.
Na imagem abaixo é apresentada a programação geral do JURA FFP 2020.
Na roda de conversa "Deserto Verde, uma narrativa a ser contada", os professores da rede municipal de Mesquita-RJ, Thiago Lucas Alves da Silva (doutor em Geografia pela UFF e professor colaborador do GeoAgrária) e Débora Ventura Klayn Nascimento (doutoranda no Programa Interdisciplinar de Linguística Aplicada na UFRJ) debateram a respeito da violação de direitos e os impactos ambientais dos monocultivos de árvores, bem como a sua introdução no estado do Rio de Janeiro. Essa roda de conversa foi mediada pelos alunos Leonam Bonato da Silva e Roberta da Costa Lines, mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FFP-UERJ e integrantes do GeoAgrária.
Na roda de conversa "Educação do Campo sob fogo cruzado", a professora Tássia Gabriele Balbi de Figueiredo e Cordeiro (IFF), doutoranda do Programa de Políticas Públicas e Formação Humana na UERJ e professora colaboradora do GeoAgrária, apresentou os desafios enfrentados pela Educação do Campo, tendo como abordagem central a compreensão da ofensiva do agronegócio na educação, por meio de projetos educacionais e parcerias público-privadas, e do processo de fechamento e nucleação de escolas rurais. Essa roda de conversa foi mediada pela professora Ingrid da Silva Linhares, mestranda em História Social do Programa de Pós-Graduação em História na UFF e professora colaboradora do GeoAgrária.
Na parte da tarde, foi realizada a mesa de abertura com o tema que deu nome ao evento: "Semeando Resistências sob fogo cruzado", com a participação do professor Dr. Fernando Michelotti, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e da militante Natalina Silva de Oliveira Mendes, coordenadora geral da Regional Corumbá (Pantanal), da Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e do Pantanal (CerraPan).
Nessa mesa, o professor dr. Fernando Michelotti, que pesquisa a questão agrária na Amazônia, discorreu sobre o pacto conservador entre os donos do dinheiro, os donos da terra e o Estado que se materializam nesse contexto como um pacto do agronegócio e falou mais especificamente de como esse pacto se configura na Amazônia.
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