O segundo dia da XII JURA da FFP começou com a mesa redonda "O agronegócio devasta, a luta semeia". Sob a coordenação do professor Otávio Leão (DGEO-FFP/UERJ), a mesa contou com a presença dos convidados Roberto Carlos de Oliveira (militante do MAB e mestre em História pela UFRRJ) e Karen Friedrich (doutora em Saúde Pública pela FIOCRUZ, servidora da FIOCRUZ e professora do Departamento e Saúde Coletiva da UFRJ). Apesar de começar cedo, a mesa redonda lotou o auditório do Bloco C da FFP.
Às 14 horas foi realizada a roda de conversa "O agro aliena, a luta educa", sob a coordenação de Emilly Fegalo (aluna da graduação em Geografia da UERJ e integrante do GeoAgrária), Roberta Lines (mestre em Geografia pela FFP/UERJ, professora da rede municipal de Maricá e integrante do GeoAgrária) e Tássia Cordeiro (doutora em Políticas Públicas e Formação Humana pela UERJ, professora do IFF de Maricá e integrante do GeoAgrária).
A roda de conversa debateu as estratégias econômicas, políticas e ideológicas de alienação do agronegócio e também apresentou as diferentes ações de luta e resistência do MST e de outros movimentos sociais do campo na área educacional. A atividade foi bastante proveitosa e contou com a participação de diversos alunos da FFP-UERJ.
No mesmo horário, às 14 horas, também foi realizado o cinedebate "Elizabeth Teixeira: mulher marcada para viver", sob a coordenação do professor Eduardo Tomazine (DGEO-FFP/UERJ).
Elizabeth Altina Teixeira, nascida em 13 de fevereiro de 1925 em Sapé (PB), é uma importante líder camponesa brasileira, reconhecida por sua incansável luta pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores rurais. Filha de uma família de pequenos proprietários de terra, casou-se com João Pedro Teixeira, um trabalhador rural negro e sem terra. Juntos, tornaram-se protagonistas das Ligas Camponesas na Paraíba, movimento que buscava combater as injustiças dos latifundiários e promover a distribuição de terras aos camponeses.
Após o assassinato de João Pedro Teixeira em 1962, Elizabeth assumiu a liderança da Liga Camponesa de Sapé e passou a ser duramente perseguida, especialmente durante a ditadura empresarial-militar instaurada em 1964. Para se proteger, viveu por 17 anos na clandestinidade com o nome falso de Marta Maria da Costa, em São Rafael (RN), onde trabalhou como lavadeira e alfabetizadora. Em 1984, com a retomada do documentário Cabra Marcado para Morrer, ela pôde retomar sua verdadeira identidade.
Em 2011, foi homenageada com a criação do Memorial das Ligas Camponesas, criado em sua antiga casa. Nas décadas seguintes, Elizabeth continuou atuando na defesa dos direitos dos camponeses e das camponesas, participando de eventos, palestras e colaborando com movimentos sociais e governamentais. Em 2011, a casa onde viveu com João Pedro foi tombada e transformada no Memorial das Ligas Camponesas, em Sapé.
Em 2025, Elizabeth completou 100 anos, sendo celebrada como um ícone da resistência camponesa e permanece sendo sinônimo de coragem, resistência e compromisso com a justiça social no campo brasileiro.
No dia 14 de maio, antes da mesa de encerramento, apresentamos a mística de encerramento com uma impactante intervenção poética intitulada "Semeadoras" e protagonizada por quatro artistas e alunas da FFP: Marleve, anagojie, Laryssa e Luna.
Como última atividade do 2° dia da XII JURA da FFP foi realizada mesa de encerramento intitulada "O agronegócio mata, a luta cuida", com as convidadas Roberta Arruzzo (doutora em Geografia pela UFF, pesquisadora do NUCLAMB e professora do Departamento de Geografia da UFRRJ) e Rafaela Neves (doutora em Geografia pela UFF, pesquisadora do LEMTO/UFF e professora da SEEDUC-RJ). A mesa foi coordenada por Paulo Alentejano, professor do departamento de Geografia da FFP/UERJ e coordenador do GeoAgrária.
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